segunda-feira, 7 de junho de 2021 14:52
Veja como o conhecimento pode transformar questões culturais e estruturais e empoderar esse público
O Brasil é um país que tem o desafio de promover a inclusão financeira da população. Não à toa, nos últimos anos o Banco Central vem adotando uma política para inclusão de novos players no mercado financeiro que está causando uma verdadeira revolução bancária que promete mudar o que conhecemos hoje. Para além disso, outro desafio é a educação financeira das pessoas, especialmente das mulheres.
Em 2012, a jornalista Carol Sandler estava jantando com duas amigas economistas, quando começaram a conversar sobre a “explosão das blogueiras”. Conforme a conversa evoluiu, as três se deram conta de como, na época, o conteúdo online para mulheres se resumia a moda, beleza, casamento e maternidade. Veio, então, uma ideia: por que não falar de economia e finanças para o público feminino?
Universo pouco explorado
Após uma intensa pesquisa de mercado, elas perceberam que não havia qualquer iniciativa nesse sentido no Brasil, e que no exterior, principalmente nos Estados Unidos, já existiam grandes negócios de educação financeira para mulheres. As amigas de Carol resolveram seguir em suas carreiras, mas a jornalista, que já era especializada na cobertura econômica, decidiu investir no negócio, e fundou o blog Finanças Femininas.
“Eu me apaixonei! Vi que eu tinha uma oportunidade de juntar as minhas habilidades com um propósito maior. Percebi que a educação financeira para as mulheres não é uma iniciativa só de educação, é uma iniciativa de impacto, porque quando você ensina uma mulher a cuidar melhor do seu dinheiro, ela consegue tomar e bancar melhor as suas decisões”, diz Carol.
Ela conta que, ao longo desses oito anos, já viu mulheres que conseguiram sair de casamentos infelizes com a ajuda da educação financeira, criar coragem para pedir um aumento, ou que saíram dos seus trabalhos e montaram seus negócios. “A educação financeira é uma ferramenta de transformação para a vida das mulheres, que saem de uma posição de dependência e vulnerabilidade e se tornam donas das suas próprias escolhas”, destaca.
Segundo Carol, existem barreiras históricas – estruturais e culturais – que fazem com que a relação da mulher com o dinheiro seja diferente. Além disso, um estudo feito pela OCDE revelou que, para uma iniciativa de educação financeira dar certo, ela precisa ser segmentada. Por isso, a educação financeira para mulheres é tão importante. “As mulheres são multiplicadoras. Quando uma mulher aprende a cuidar melhor do seu dinheiro, ela leva esse conhecimento para sua família, para suas amigas, para a sua rede. Então essa característica faz com que uma iniciativa de educação financeira focada em mulheres tenha um impacto social muito mais amplo do que a gente pode imaginar”, diz Carol.
Empoderar as mulheres com conhecimento sobre finanças pode ser interessante, inclusive, para o mercado como um todo. Isso porque, além das barreiras culturais, existe um desafio prático: a mulher tem menos renda disponível do que o homem. A diferença salarial no Brasil é enorme, e aumenta conforme o grau de escolaridade, chegando a 50% quando comparamos mulheres negras e homens brancos.
Além de ganharem menos, as mulheres sofrem uma pressão social pelo gasto muito maior – basta comparar os mercados de consumo feminino e masculino. A boa notícia é que, cada vez mais, as mulheres estão atentas à necessidade de saber como administrar suas finanças pessoais de maneira eficiente.
Há alguns meses, a XP Inc., maior corretora de investimentos do Brasil, divulgou sua meta de equidade de gênero até 2025, dentro de uma política mais ampla que pretende trazer para a linha de frente das discussões internas a necessidade de oferecer um ambiente de trabalho, de fato, inclusivo. Para ampliar a entrada de mulheres, a empresa tem feito mudanças não só na atração de talentos, mas também na seleção, com treinamentos internos para eliminar vieses inconscientes de recrutadores e lideranças. Internamente, foi criado o MLHR3, coletivo feminino para debater temas relativos à equidade.
Agora, em parceria com a Xpeed e o projeto “Mulheres Positivas”, o MLHR3 está lançando a Jornada de Educação Financeira para Mulheres, um pacote de cursos com especialistas do mercado financeiro voltado exclusivamente para elas. “Buscamos justamente a aproximação, a contribuição para a independência feminina dentro de um ambiente em que as mulheres sejam ouvidas e se sintam acolhidas por pessoas que têm empatia por suas dores e dificuldades”, explica Izabella Mattar, CEO da Xpeed.
Para as mulheres que estão começando a se interessar por educação financeira, Izabella dá algumas dicas:
Autor: Luiza Bravo
Fonte: Consumidor Moderno