sexta-feira, 9 de dezembro de 2022 17:01
Você deve estar imaginando algum tipo de miragem em meio ao deserto onde um gênio da lâmpada aparece para lhe ensinar como ficar rico. Mas educação financeira não tem nada a ver com mágica.
Aliás, gosto muito desta abordagem sobre dinheiro porque promove “empoderamento” pessoal ou expansão de consciência. Ou seja, você se torna o seu próprio gênio e a partir de planejamento e esforço realiza desejos e sonhos (de curto, médio e longo prazo).
Sempre comparo qualquer novo hábito com a prática de exercícios físicos. Pense no corpo dos seus sonhos. Na alta performance (que seria como atingir a liberdade financeira). Acha mesmo que vai conseguir chegar lá sem pagar o preço: ir regularmente à academia e se alimentar de forma equilibrada?
“Ah, não consigo gastar menos, estou com dívidas no cartão, no limite da conta, empréstimos, virou uma bola de neve, isso não é pra mim!”. Já ouvi tanta ladainha de quem terceiriza a responsabilidade dos problemas e não estou aqui para rebater ninguém ou mesmo julgar. Como diria o filósofo francês Jean-Paul Sartre, “o inferno são os outros”.
“Quero destacar neste ponto uma frase da minha primeira professora e mentora de educação financeira (Dagiele Weippert): “Falar sobre dinheiro nunca é sobre dinheiro”, ou seja, sem conhecer a si mesmo provavelmente você não conseguirá alcançar suas metas”
Porém, Sartre também diz que “o pior mal é aquele ao qual nos acostumamos”. Vamos esclarecer que não ignoro que enfrentamos recentemente uma pandemia que desencadeou desemprego, inflação galopante e o aumento da pobreza no país. Mas o endividamento dos brasileiros não se trata apenas de questões externas. Já se perguntou por que a maioria das pessoas, se ganhasse na loteria, voltaria à mesma condição “endividada”?
Quero destacar neste ponto uma frase da minha primeira professora e mentora de educação financeira (Dagiele Weippert): “Falar sobre dinheiro nunca é sobre dinheiro”, ou seja, sem conhecer a si mesmo provavelmente você não conseguirá alcançar suas metas (financeiras ou não) ou ainda poderá se destruir tentando concretizá-las (contraindo uma dívida gigantesca para financiar carro ou casa, por exemplo). A maioria dos divórcios acontece por problemas financeiros.
A situação do Brasil é realmente grave, por isso quis trazer o tema. Uma pesquisa recente da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) aponta que 8 em cada 10 famílias estão endividadas. O Serasa diz que mais de 67 milhões de pessoas estão inadimplentes (números de agosto). O valor dessas dívidas supera R$ 289 bilhões – dos quais 28% se referem a pendências com bancos e cartões de crédito.
Convido você a sair dessa estatística e ainda a parar de acreditar em soluções mágicas. Antes de dizer que é impossível “sair das dívidas” pense na verdadeira causa que o levou a este lugar de “endividado” ou “endividada”. Avalie o que vem fazendo você “gastar” o que não tem ou além da sua renda. A quem quer impressionar? Qual o motivo da sua impulsividade? O excesso está escondendo alguma falta?
Não se engane, nenhuma escolha que a gente faz é meramente racional (a psicologia diz isso), e quanto mais inconsciente estamos, mais gatilhos emocionais são acionados cotidianamente nos levando a tomar decisões que podem gerar prejuízos a curto, médio e longo prazo em todas as áreas da vida. Isso está em uma aula da minha segunda professora e mentora Nathalia Arcuri. (fui ‘jornadeira’ da turma 7, no ano passado!)
O mundo é uma selva, por isso somos bombardeados o tempo todo por mensagens publicitárias que nos induzem a pensar e querer coisas; e as redes sociais potencializaram esse efeito em mais de 1 milhão de vezes. Tem uma tirinha da Mafalda que ilustra bem o que estou explicando: “Use”, “compre”, “beba”, “coma”, “prove”! EEEEI! O que eles pensam que nós somos? - E o que nós somos? (...) - Os malditos sabem que nós ainda não sabemos.
De acordo com Albert Einstein, “não são as respostas que movem o mundo, são as perguntas”. Então, vamos lá: Quem sou eu? Quais são meus valores, prioridades e sonhos? O que me move? Há coisas na minha vida que são inegociáveis? Eu sou feliz? O que me faz feliz? Para onde eu estou indo e com quem? O que é a vida, afinal?
Autor: Rose Domingues
Fonte: RD News