terça-feira, 12 de setembro de 2023  14:27

Educação Financeira: Previdência complementar - é urgente tratar do futuro do País




A redução da taxa de crescimento da população no Brasil, assim como nos países desenvolvidos em geral, acende uma luz amarela para o futuro no que tange à qualidade de vida dos idosos. O brasileiro está vivendo mais e, nos últimos 60 anos, somos o terceiro país, entre os dez maiores do mundo, com maior elevação da expectativa de vida, que aumentou para 76,2 anos em 2023.

Neste contexto, vem se desenhando no País e no mundo uma curva demográfica em que, em breve, muitos receberão aposentadoria por mais tempo e poucos trabalharão. Resultado? Vai começar a faltar dinheiro. A pesquisa Raio X do Investidor, divulgada este ano pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais – Anbima, revelou que cerca de 16% dos entrevistados no País não sabem como vão viver ao se aposentar.

Identificamos um dado semelhante na Pesquisa Anual de Satisfação da Previdência Usiminas realizada também em 2023: 61,7% daqueles que ainda não aderiram ao plano previdenciário oferecido pelas empresas patrocinadoras disseram não ter pensado ainda sobre a aposentadoria. Ou seja, até mesmo entre aquelas pessoas que têm a possibilidade de aderir a um plano previdenciário complementar, esta ideia de preparação para o futuro não entra na lista de prioridades.
Quão preparados estamos para que as pessoas possam se manter com qualidade naquela fase da vida? É urgente a compreensão da importância da previdência complementar para o país no âmbito social, promovendo aposentadoria com dignidade, assim como no econômico, disponibilizando recursos, formando poupança interna e ajudando a girar a economia.  Hoje, no Brasil, a previdência complementar fechada gerencia recursos da ordem de 13% do PIB – o equivalente a R$ 1,19 trilhão – destinados a cumprir compromissos futuros de benefícios de aposentadoria.

No entanto, estamos ainda muito distantes de países como Holanda, Reino Unido e Estados Unidos.
Neste último, em 2020, cerca de 68% da população economicamente ativa estavam cobertas pela previdência complementar. No Brasil, 7,14 milhões de pessoas – participantes em fase contribuição, aposentados e pensionistas – são cobertas por planos de aposentadoria, segundo dados divulgados pela Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar – Abrapp. Desse total, apenas 2,6 milhões são participantes em fase de acumulação de reserva para usufruir na aposentadoria, o que representa somente 2,4% da população economicamente ativa do Brasil.

Os dados são alarmantes, mas há soluções. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, do IBGE, há 5,4 milhões de empresas no Brasil, com 53 milhões de trabalhadores assalariados. Se apenas 10% delas oferecessem planos de previdência, proporcionaria proteção para algo em torno de 20 milhões de trabalhadores.

Além disso, a sensibilização e a construção de uma cultura de educação previdenciária e financeira desde a escola podem representar um grande salto para a mudança de atitude, pois muitas pessoas que possuem acesso à previdência privada optam por não tê-la por falta absoluta de conhecimento.
Certamente, há um caminho árduo à frente, que demanda educação, conscientização e o envolvimento firme de todo o poder público para garantir à população um futuro com um mínimo de dignidade.  

Autor: Roberto Maia

Fonte: Diário do Comércio