segunda-feira, 30 de janeiro de 2017 14:59
O que fazer para viver bem após a
aposentadoria
É importante cuidar da saúde e
organizar as despesas de casa
Alívio, alegria, tristeza,
mudanças... E uma dúvida: o que fazer após a aposentadoria? Esse é um
questionamento de quem está perto de chegar lá e até dos que já estão nessa
fase. Planejar como serão os dias longe do trabalho e as despesas ajuda
bastante. Mas se não foi possível se organizar, há maneiras de viver bem e até
se redescobrir nesse momento.
Foi o que aconteceu com o aposentado Paulo Roberto Lidoino, 66. Ele tinha pouco tempo para ficar com a família quando era gerente de manutenção veicular, não podia viajar e estava sempre à disposição da empresa. Aos 57, se aposentou e ficou três anos descansando, mas sentiu que já era hora de buscar outra ocupação. Determinado, Paulo voltou a estudar. “A gente em casa fica sedentário, se acomoda. Aí decidi estudar elétrica por um ano.”
Lidoino tinha sido eletricista na juventude, por pouco tempo. Hoje, ele se aperfeiçoa todos os dias pela internet e está muito satisfeito com o novo trabalho. “Estou sempre me atualizando, ajuda a desenvolver a mente. A minha qualidade de vida melhorou e hoje faço a minha agenda”, conta animado.
Saúde
A geriatra Caroline Pupim explica que após parar de trabalhar, a pessoa costuma perder um pouco da rotina, fato que nem sempre é bom. “É preciso estimular o corpo e a mente todos os dias”, diz.
No consultório, ela observa que a falta de atividades faz o idoso querer dormir mais. “Aí dorme de dia e quer ser medicado para conseguir dormir à noite. O problema não é a falta de sono, mas a falta de estímulo, de atividades”, avalia.
Para resolver o problema, a médica sugere a prática de exercícios físicos e voltar a estudar. “Idosos têm descontos em universidades particulares”, afirma.
Na terceira idade, o educador físico Lucas Scalfoni chama a atenção para as doenças causadas pela falta de movimento e exercício, como obesidade, hipertensão, diabetes, osteoporose e problemas cardíacos. “É um período também de maior cuidado com alongamentos, para manter a flexibilidade, tornando as atividades rotineiras mais fáceis.”
Ele conta ainda que o exercício regular previne doenças e mantém os músculos, que tendem a diminuir com a idade.
Reações
Além do corpo, as emoções também merecem cuidado com a aposentadoria. E o que o trabalho representava para a pessoa faz toda a diferença. Se não era algo prazeroso, que ela torcia para chegar o final de semana e as férias, a aposentadoria pode vir como solução para grande parte dos problemas.
Já aqueles que gostam do que fazem, que sempre buscam se aperfeiçoar, a aposentadoria pode ser algo muito ruim. “Trato pessoas com depressão, cujo início foi após a aposentadoria. Elas amavam o que faziam e foram obrigadas a se aposentar. Para elas, a vida perdeu o sentido”, conta a geriatra.
A psicóloga Andrea Bragatto destaca que a depressão pode vir acompanhada de doenças físicas. Por isso, essa tristeza prolongada precisa de tratamento.
Uma forma de viver bem apontada pela psicóloga é ocupar a mente e o dia com atividades de lazer, sociais, voluntárias, e, principalmente vivenciar com maior tempo e qualidade as relações familiares e de amizade.
Planeje
Como a vida muda ao se aposentar, se planejar pode evitar muita dor de cabeça. “O ideal é que planejemos o que pretendemos fazer, onde, com quem, e como viveremos”, diz a psicóloga.
A maneira que a pessoa vive o dia a dia irá nortear e já dá dicas de como será após a aposentadoria. “É preciso cuidarmos do corpo e da alma desde jovem”, afirma Andrea.
De olho no tempo livre que terá daqui um ano e meio, o supervisor de operação Heron Domingues de Oliveira, 53, está cuidando da saúde e do dinheiro para viver bem. “Estou construindo uma casinha na roça, procuro ter uma vida ativa e faço aportes no meu plano de previdência privada.”
Ele sabe que a renda vai cair, por isso investiu na previdência privada, além do INSS. “A vontade seria ficar viajando, mas essa não é a minha realidade. O plano de saúde vai subir e preciso me organizar.”
Para quem já se aposentou, a dica da coach financeiro Jaciara Pinheiro é avaliar se o valor da receita cobre as despesas e o que pode ser cortado. “A não ser que você tenha se programado, não tem como manter o mesmo padrão de vida, porque a aposentadoria pelo INSS diminuiu muito o valor da renda da pessoa.”
Nas diferentes fases da vida, o planejamento é fundamental. “A gente tem que planejar economicamente não só para a aposentadoria, mas para qualquer eventualidade que possa acontecer”, sugere Jaciara.
O administrador Roberto Schulze faz um lembrete importante: “Cuidar das finanças evita, inclusive, problemas de saúde.”
Com a renda da família mais ou menos apertada, o conselho da geriatra é buscar de forma constante o que faz a pessoa feliz e dá sentido à vida.
R$ 5.189
Esse é o teto em reais do benefício para quem vai se aposentar pelo INSS. O benefício mínimo é de R$ 880,00.
Aposentei. E agora?
O que fazer
Mesmo depois de se aposentar, é importante continuar a fazer planos e ter projetos de vida, que vão variar de pessoa para pessoa. Alguns querem viajar, outros ajudar na criação dos netos, escrever livros, voltar a morar no campo, cuidar da casa... Busque o que dá sentido para sua vida, o que é prazeroso para você.
Opções
Caso não tenha se planejado, uma ótima dica é frequentar centros de convivência do idoso. Participar de forma ativa, com seus valores, ideias e alegria. Fazer cursos, curtir a natureza, frequentar praias e praças, amar as pessoas. Aliás, se amar e amar aos outros é a melhor forma de se ter uma vida sempre feliz. Ter atitudes de uma pessoa ativa e não passiva também ajuda.
Ócio
Muitas pessoas preferem realmente descansar e se ocupar com atividades de lazer. Se foi programado, pode ser uma fase vivida com alegria e saúde.
Mercado
Continuar a carreira
Existem profissionais que são muito valorizados após a aposentadoria. Muitas vezes, vão dar consultoria em outras empresas. Se o que ele sabe e construiu de conhecimento ao longo da carreira é algo que tem um preço comercial, ele pode se tornar um executivo, um mentor, um conselheiro.
Dinheiro
Abrir uma franquia?
Hoje, abrir uma franquia só é indicado se o aposentado já tiver reservas. Do contrário, é um risco injetar todo o dinheiro que tem em um sonho. Comprar uma franquia requer perfil de empreendedor, que essa pessoa pode não ter. É necessário ter vocação para abrir um negócio, além de ser uma decisão muito cautelosa. Se o negócio quebrar, será que essa pessoa consegue se manter? Se a resposta for negativa, é melhor não empreender. Busque mecanismos de fazer esse dinheiro girar, por meio de aplicações ou pequenos investimentos.
Capacitação
Investimento em capacitação é sempre válido. Além do mercado buscar profissionais cada vez mais capacitados e com múltiplos conhecimentos, isso possibilita um aumento da rede de relacionamentos e até a decisão sobre um novo negócio.
Bem-estar
Prevenção
Se desde jovem a pessoa cuidou da saúde de forma preventiva, da alimentação, praticou atividades físicas, cultivou bons hábitos e costumes, como a espiritualidade e contatos com a natureza em geral, provavelmente vai viver de forma saudável a aposentadoria.
Choque
Alguns podem passar por um choque, especialmente a pessoa que viveu negando que a idade chegaria. Se viveu compulsivamente só para o trabalho e não buscando criar outros laços e formas de viver, pode vivenciar esse choque e até adoecer o físico e o psicológico.
Fonte: geriatra Caroline Pupim; psicóloga Andrea Bragatto; diretor-secretário do Sindicato das Empresas de Serviços Contábeis do Espírito Santo (Sescon-ES), Roberto Schulze; educador físico da Fórmula Academia Lucas Scalfoni e Jaciara Pinheiro, especialista em pessoas e diretora da Rhopen.
Autor: Futura
Fonte: Futura